A associação que representa o setor da construção civil nos Açores congratulou-se hoje por a Carta Regional das Obras Públicas antecipar para este ano investimentos que estavam previstos para 2014, apesar de as verbas não serem as ambicionadas.
Em declarações aos jornalistas em Ponta Delgada, o presidente da Associação dos Industriais da Construção Civil e Obras Públicas dos Açores (AICOPA), Pedro Marques, lembrou que o setor tem tido “falta de trabalho” nos últimos meses, dizendo que a componente do investimento privado, que representava um terço da atividade, “não existe desde há uns anos”, essencialmente por causa das dificuldades no acesso ao crédito bancário e à falta de liquidez.
Quanto ao setor público, sublinhou que se divide numa componente que compete ao Governo Regional e outra às autarquias, sendo que neste caso os últimos quatro anos foram também “um ciclo muito complicado”, porque não se concretizaram “promessas eleitorais” e projetos anunciados nas eleições locais de 2009. Segundo Pedro Marques, o facto de em setembro haver eleições locais não repôs os níveis de investimento que normalmente se verificavam em anos eleitorais.
Neste contexto, acrescentou, a Carta Regional das Obras Públicas, apresentada pelo executivo açoriano aos parceiros do setor na sexta-feira passada, “responde, sim, da parte do Governo”.
“Se me perguntar se eram os valores que nós queríamos, enfim, temos de ser sempre ambiciosos e pedir um pouco mais”, afirmou, reconhecendo, porém, que as verbas previstas de investimento estão “em linha com o histórico”, apesar de “ligeiramente abaixo”.
“Nessa perspetiva, estamos satisfeitos com o documento. Dessas três componentes, de que não tínhamos nenhuma, agora temos uma”, acrescentou, realçando que ficou “muito satisfeito na sexta-feira” por saber que “o Governo Regional fez um esforço para antecipar verbas” de investimento para este ano.
Segundo Pedro Marques, são “cerca de 184 milhões de euros divididos por 50 programas, empreitadas, e isso, só por si, é muito bom”.
“Já nos dá uma perspetiva, algo que não tínhamos, só tínhamos [para o período] entre o primeiro e o segundo semestre de 2014. Hoje temos para o segundo semestre de 2013. O setor estava a ficar sem trabalho, estava a estagnar e a ser um dos principais catalisadores de desemprego”, afirmou.
Pedro Marques falava aos jornalistas à margem de uma reunião com o deputado do PCP no Parlamento dos Açores, tendo a AICOPA já reunido com outros partidos e entidades regionais, a quem tem tentado sensibilizar desde o início do ano para os problemas do setor.
Além da “falta de trabalho”, que é “o mais crítico”, a associação tem alertado ainda para problemas como a “economia paralela e a necessidade de haver uma fiscalização cada vez maior” e o “lançamento de concursos com preços muito difíceis”.
O secretário regional do Turismo e Transportes, Vítor Fraga, anunciou na sexta-feira que o Governo dos Açores pretende investir mais de 620 milhões de euros nos próximos anos na construção civil.
Vítor Fraga, que apresentou nesse dia a Carta das Obras Públicas ao Conselho Regional das Obras Públicas, anunciou que o executivo decidiu antecipar para o segundo semestre de 2013 o lançamento de concursos públicos num montante superior a 84 milhões de euros para intervenções em todas as ilhas.
Lusa
