Governo põe na gaveta promessa de construir caminho alternativo

É o próprio presidente do Governo Regional a deixar claro que o projecto da via alternativa à única estrada que liga a Ribeira Quente às Furnas não tem condições para avançar.

É um projecto “financeiramente incomportável” e do “ponto de vista de segurança e da Protecção Civil questionável, visto que o acesso é feito por uma zona que não nos inspira confiança”, afirmou Carlos César à rádio Açores/TSF.

 

Depois de estudados os possíveis traçados para o caminho alternativo, prometido em 1997, na sequência da tragédia na freguesia piscatória do concelho da Povoação, a única hipótese que continua em cima da mesa é a de construir “um caminho com sentido único e exclusivamente direccionado para a Protecção Civil”.

 

Como adianta o presidente do Governo Regional, “não abandonamos o projecto do caminho alternativo, mas a nossa prioridade vai no sentido de melhorar o actual acesso”. Segundo Carlos César, o Governo Regional vai, a curto prazo, “melhorar a via principal que hoje serve a Ribeira Quente – essa é a prioridade do seu Executivo, sublinhou. Até porque, salvaguardou Carlos César, as condições de acessibilidade melhoraram muito desde a tragédia resultante de um movimento de terras que custou a vida a 29 pessoas da freguesia. “Já temos a zona do heliporto e já temos um porto com condições de atracação”, realçou o chefe do Governo.

 

Com pelo menos onze anos, a promessa de construir um caminho alternativo à única estrada que liga a freguesia da Ribeira Quente às Furnas tem vindo a ser repetida nos últimos anos. Em Julho de 2007, o presidente do Governo Regional anunciou, como um compromisso pessoal, que até ao fim do ano seria lançada a empreitada para construção de um caminho florestal entre as duas freguesias do concelho da Povoação. E, três meses depois, José Contente, então secretário regional da Habitação e Equipamentos, afirmava que o projecto “tem vindo a ser maturado ao longo do tempo” e que tinha recebido, recentemente, “orientações do presidente do Governo no sentido da sua implementação, através de um protocolo a estabelecer entre as secretarias regionais da Habitação e Equipamentos, Agricultura e Florestas e o gabinete de projectos que está a delinear a estrada”. Ainda em declarações prestadas na sequência de uma visita à freguesia para evocar a memória das 29 pessoas que morreram nas derrocadas, José Contente adiantava que o projecto da estrada alternativa “está, neste momento, nos últimos 800 metros, para se tomar uma de duas decisões sobre o seu traçado, ou pela zona dos Tambores ou do Agrião, sendo esta última, e de acordo com os projectistas, aquela que será mais adequada para finalizar um primeiro traçado que já está definido e que tem vindo a ser trabalhado”, esclareceu. Na altura, afirmou também que “ainda este ano, a secretaria regional da Agricultura e Florestas vai continuar a rasgar o caminho até à zona do Agrião, ficando os últimos 800 metros para 2008”.

 

No início deste ano, ambas as secretarias regionais envolvidas recusaram-se a prestar declarações sobre o assunto. Mas fonte da secretaria regional da Agricultura e Florestas adiantou que estariam a ser feitos estudos e que ainda não havia indicação do traçado devido à complexidade da obra. Já então, Francisco Álvares, presidente da Câmara Municipal da Povoação, deixava o alerta: “se calhar, está-se à espera que morra mais gente para haver um novo anúncio de uma nova via alternativa”, enquanto o presidente da Junta de Freguesia da Ribeira Quente garantia que “as promessas do Governo têm sido cumpridas, e não será essa que ficará por cumprir”.

 

 

 

in AO

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