II Marcha LGBT dos Açores percorreu Ponta Delgada contra a homofobia

Algumas dezenas de pessoas participaram hoje na II Marcha LGBT dos Açores, em Ponta Delgada, organizada pela Associação Prize Azores, que no último ano recebeu 52 denúncias de casos de homofobia nas ilhas.
O presidente da Pride Azores, Terry Costa, revelou que desde a realização da I Marcha LGBT no arquipélago, a 01 de setembro, a associação, que visa o apoio e integração social da população lésbica, gay, bissexual e transgénero e das suas famílias, através de programas educativos, sociais e culturais, foi contactada por 52 pessoas que tiverem “a coragem” de “avançar um passo e denunciar crimes” de fobia e ‘bullying’ relacionados com a orientação sexual.
Por isso mesmo, durante a marcha, que percorreu a marginal de Ponta Delgada entre as Portas da Cidade e as Portas do Mar, foram libertados 52 balões cor-de-rosa, ao mesmo tempo que os manifestantes iam gritando palavras de ordem pela defesa dos direitos dos LGBT (lésbias, gay, bissexuais e transgénero) e dirigindo um apelo a quem os observava: “Sai do passeio e vem para o nosso meio”, o que acabaria por acontecer, com algumas pessoas a juntarem-se ao desfile.
A marcha terminou com intervenções de diversos representantes de associações e entidades que se juntaram à iniciativa: a feminista Clarisse Canha, “a madrinha” do desfile e que pertence à UMAR/Açores; Nelson Calado, do projeto da linha de apoio da ILGA Portugal; Carla Rocha, da Associação para o Planeamento Familiar; e Natércia Gaspar, diretora regional da Solidariedade, em representação do presidente do Governo dos Açores, Vasco Cordeiro.
A diretora regional saudou as pessoas que participaram na marcha, um “exercício de cidadania”, que foi conseguido graças a um grupo de cidadãos que “de forma totalmente voluntária” organizaram na última semana o Festival Pride Azores que, além do desfile de hoje, integrou debates, exposições e uma mostra de cinema.
Segundo Natércia Gaspar, foi com “honra e orgulho” que o Governo Regional se associou à iniciativa, já que visa a criação de uma região “cada vez mais inclusiva e humanista”.
Apesar da “evolução” que tem havido ao nível das leis e de práticas, a discriminação e a homofobia “ainda persistem” nos Açores, disse Natércia Gaspar, dizendo estar em causa a defesa e a afirmação de direitos humanos e da dignidade humana, “valores subjacentes a sociedades saudáveis, democráticas e desenvolvidas”.
A este propósito, a diretora regional recordou Martin Luther King e o movimento que encabeçou, há 50 anos, em prol da não discriminação racial num momento em que a escravatura já tinha sido abolida na lei há um século.
“Não tenhamos a ilusão de acreditar que está tudo feito e que eventos e iniciativas como esta não são necessárias”, afirmou, antes de dizer que “a sociedade deve agradecer” o “testemunho, determinação, coragem, civismo e respeito pela diferença” aos promotores desta marcha e a quem nela participou.
“Por isso, hetero ou homo, não desapareçam na paisagem e, passo a passo, continuemos esta luta pela afirmação dos direitos das pessoas LGBT nos Açores”, apelou.
Também Terry Costa deixou um apelo, mas aos “líderes” açorianos e nacionais de diversas áreas, da política à religião, que sejam LGBT, para que se assumam perante si e aqueles que os rodeiam, defendendo que isso seria determinante para mudar mentalidades e tornar a sociedade mais tolerante.
Já a madrinha da marcha, Clarisse Canha, defendeu a união de forças dos movimentos que lutam contra as “opressões e desigualdades” e apelou à denúncia das discriminações, dizendo que no caso das mulheres ela se revelou essencial e impulsionadora da construção da igualdade entre homens e mulheres a nível de direitos e oportunidades

 

Lusa

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