Jornalista que atirou sapatos a Bush diz que foi torturado

O jornalista iraquiano que atirou os sapatos ao então Presidente norte-americano George W. Bush e que foi este terça-feira libertado disse que as forças iraquianas o torturaram com espancamentos, chicotadas e choques eléctricos e que teme pela sua vida.


Muntazer al-Zaidi, cujo surpreendente acto de protesto o transformou num herói no mundo árabe, disse acreditar que agentes dos serviços de informações norte-americanos o vão perseguir.

“Esses serviços terríveis, os serviços de informações norte-americanos e os serviços seus afiliados, não vão poupar esforços para me encontrarem, como insurgente revolucionário, na tentativa de me matarem”, disse Al-Zaidi numa conferência de imprensa na televisão onde trabalha.

“E, aqui, quero avisar todos os meus familiares e pessoas próximas de que estes serviços vão recorrer a todos os meios para me apanharem e tentarem liquidar-me, física, social ou profissionalmente”, acrescentou.

O acto de protesto do jornalista, de 30 anos, embaraçou profundamente o primeiro-ministro iraquiano, Nuri al-Maliki, que estava ao lado de Bush na conferência de imprensa de 14 de Dezembro de 2008 quando Al-Zaidi lançou os sapatos contra o Presidente dos Estados Unidos.

Bush, que fazia a sua última visita ao Iraque enquanto Presidente norte-americano, saiu ileso do incidente mas foi obrigado a baixar-se duas vezes para se desviar dos sapatos. Al-Zaidi foi imediatamente agarrado e imobilizado por outros jornalistas e pela segurança iraquiana.

O jornalista afirmou hoje que foi vítima de abusos imediatamente a seguir à detenção e no dia seguinte e exigiu um pedido de desculpas do primeiro-ministro iraquiano.

“De manhã, fui deixado ao frio depois de me terem molhado com água”, disse.

Al-Zaidi prometeu revelar os nomes dos responsáveis governamentais e do exército que estiveram envolvidos nos maus-tratos que lhe foram infligidos.

O jornalista justificou o seu acto como um protesto pela ocupação do seu país pelos Estados Unidos e sublinhou que, enquanto ele está agora livre, o país continua “cativo”.

“Dito simplesmente, o que me levou à confrontação foi a opressão que caiu sobre o meu povo e como a ocupação quis humilhar a minha pátria colocando-a sob as suas botas”, disse.

Muntazer al-Zaidi foi libertado hoje, depois de nove meses de prisão.

Condenado em primeira instância a três anos de prisão por “agressão contra um chefe de Estado em visita oficial”, Al-Zaidi recorreu e conseguiu que a pena fosse posteriormente reduzida para um ano.

Cumpridos três quartos da pena, Al-Zaidi foi libertado por “bom comportamento” na prisão.

Lusa

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