Mensagem de Ano Novo do Presidente da Assembleia Legislativa Regional dos Açores

Onde quer que se encontrem, de Santa Maria ao Corvo, ou na distância das
nossas comunidades, julgo que hoje nos unimos todos num sentimento maior
que a dimensão do espaço açórico: o da esperança em dias melhores, para não
dizer em dias absolutamente normais.

O ano que hoje termina é um número que todos queremos ver para trás das
costas. Arrisco dizer que nunca tantos o desejaram de forma tão intensa e
profunda, tamanho é o rombo que 2020 introduziu nas nossas vidas, alterando o
ritmo das nossas vivências, suspendendo rituais e tradições, destruindo planos e
projetos, arruinando empresas e vidas, trazendo medo e insegurança ao nosso
dia-a-dia.

Num mundo que nos habituou ao constante progresso e evolução, tivemos de
aprender a regredir nos nossos hábitos; a repensar os relacionamentos e
dinâmicas sociais, a reorganizar as prioridades, e a alterar, profundamente, as
políticas públicas.

Com o virar da meia-noite, queremos todos ver chegar um Ano que seja
efetivamente novo. Novo no calendário, mas sobretudo na essência dos dias, porque não basta um amanhecer sereno, para fazer esquecer a tempestade que
nos atravessa.

Por mais habituados que estejamos a navegar em mares turbulentos, a ser
vítimas de tempestades inesperadas, e a sofrer terramotos que nos arrasam a vida
e as convicções, temos também uma têmpera de resiliência, que sempre nos
empurrou para a frente e nos deu força para ultrapassar as adversidades. E é isso
que vamos continuar a fazer, até conseguirmos chegar à segurança que
merecemos.

Parece ser lugar comum dizer que vivemos tempos desafiantes. Mas o facto de
ser lugar comum, pela frequência com que o vamos repetindo por estes dias, não
o faz ser menos verdade. E é tão verdade a nível da Saúde, como a nível
Económico e Social, ou Político.

A nível da Saúde, temos pela frente um combate que está longe do fim. Apesar
da vacinação que agora começa e de tudo o que fomos aprendendo com a dureza
da experiência mundial, este combate é uma tarefa de todos e temos de continuar
sem baixar os braços.

Neste ponto, tenho de saudar e enaltecer a serenidade e o espírito cívico dos
Açorianos. Agradeço, especialmente, àqueles que têm estado na primeira linha,
velando pelo nosso bem-estar. Agradeço o seu profissionalismo e o seu espírito
de missão.

Endereço, também, as minhas sentidas condolências, às famílias enlutadas, em
consequência desta pandemia. Só quem viveu de perto a experiência, tem a
noção clara do perigo que enfrentamos.

Permitam-me ainda, uma palavra especial para os nossos idosos, que com esta
pandemia ficaram ainda mais isolados e confinados. Agradeço-lhes a resiliência
e compreensão das circunstâncias em que nos encontramos, que exigem de todos
nós sacrifícios maiores.

A nível Económico, temos igualmente desafios enormes, com empresas e
empresários em situações difíceis, e de quem importa cuidar antes que a situação
assuma contornos irreparáveis.

É, por isso, essencial, concentrar recursos para apoiar a manutenção das nossas
empresas e segurar empregos, desiderato estratégico para conseguirmos alcançar
a retoma que todos ansiamos.

A nível Político, vivemos também um tempo novo, fruto das últimas eleições
regionais, que, em 2020, abalaram as rotinas políticas, há muito instaladas na
sociedade açoriana.

Estas eleições enviaram, aos diversos intervenientes políticos, uma mensagem
clara, exigindo mais responsabilidade, mais capacidade de diálogo e maior
disponibilidade para o compromisso.

Pela minha parte, entendi, claramente, a mensagem democrática enviada pelos
eleitores. Estou convicto que é a partir desse entendimento, e de um esforço que
tem de vir de todos os quadrantes, que se conseguirá a tão desejável estabilidade
política, que sempre marcou a nossa Região, e na qual assenta a força da nossa
Autonomia.

Este novo quadro político, reforça o papel e a centralidade da Assembleia
Regional. Esta é também uma oportunidade para aproximar o nosso Parlamento
dos cidadãos e de todas as ilhas.

Nesse sentido, e assim que a situação de pandemia nos Açores permita, tratarei
de iniciar uma agenda de maior proximidade com a população de todas as ilhas,
para que possamos, mais depressa, ser todos uma só Região de sucesso.

Com responsabilidade, com diálogo e com solidariedade, tão típica do povo
açoriano, vamos conseguir ultrapassar estas dificuldades conjunturais,
decorrentes da pandemia, mas também as outras dificuldades mais estruturais, a
que teremos de acudir de forma séria.

Hoje, temos de ir mais longe, mas com segurança.
Queremos e ambicionamos melhores resultados nos cuidados de Saúde.
Melhores resultados na Educação.
Queremos e ambicionamos maior sucesso no combate à pobreza.
Queremos uma Economia mais sólida e pujante.
Queremos e temos de trabalhar por Finanças Públicas mais equilibradas e
sustentáveis.

Sei que estes são desafios enormes. Mas acredito na capacidade do Povo
Açoriano. Um Povo que, ao longo de sua história, muitas vezes foi colocado à
prova e sempre superou os obstáculos.

Que 2021 seja um ano em que as prioridades da Saúde, da Educação, do
combate à pobreza e do reforço da coesão não se troquem por moedas fáceis!

Que 2021 seja, finalmente, o ano em que voltemos a dar abraços calorosos, sem
medo!

A todos desejo um Feliz Ano Novo!

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