Os partidos com assento na Assembleia legislativa dos Açores mostraram-se hoje preocupados com o futuro dos trabalhadores da base das Lajes e a sua perda de importância após a redução do contingente norte-americano.
O líder do PPM (Partido Popular Monárquico) nos Açores, Paulo Estêvão, autor da interpelação sobre a base das Lajes, afirmou que «a presença militar americana tornar-se-á cada vez mais residual e as contrapartidas açorianas, cada vez menos substanciais», vaticinando que a base das Lajes «transformar-se-á, a prazo, numa espécie de Guantanamo».
Na opinião de Zuraida Soares, a culpa desta desvalorização da base das Lajes é simultaneamente do Governo da República e do Governo dos Açores, que acusou de estarem a «negociar de joelhos» com os norte-americanos.
«Isto é patético!», disse a deputada bloquista, que não concorda com «a posição de subserviência» adotada frequentemente por Portugal nas relações com os Estados Unidos.
Durante o debate parlamentar que se seguiu, António Ventura, do PSD, exigiu que o Governo e o Parlamento tomem medidas de «longo alcance» que permitam minimizar o impacto da redução do contingente militar dos americanos nas Lajes.
«Este Parlamento tem de ir mais longe e avaliar os impactos dramáticos desta redução do contingente militar nas Lajes», insistiu o deputado social-democrata, acrescentando que as consequências da eventual redução de trabalhadores portugueses serão «muito elevadas».
Na opinião de Artur Lima, do CDS/PP, é necessário que o Governo Regional dos Açores comece já a encontrar formas alternativas de minimizar o impacto negativo da saída dos norte-americanos, ao investir no concelho da Praia da Vitória.
No seu entender, seria importante o executivo ponderar investimentos no aeroporto civil das Lajes, na placa de estacionamento do aeroporto, ou até no porto comercial da Praia da Vitória.
Berto Messias, líder parlamentar da bancada da maioria socialista, manifestou, por outro lado, a sua preocupação com a definição de indemnizações aos trabalhadores portugueses na Base das Lajes.
«É preciso acautelar os casos dos trabalhadores com mais anos de serviço, como os trabalhadores mais novos, mas em especial os agregados familiares em que mais de um elemento desempenha tarefas na base das Lajes», lembrou Berto Messias, preocupado com o impacto de eventuais despedimentos.
Preocupações partilhadas também por Aníbal Pires, do PCP, que insiste, no entanto, na necessidade da administração norte-americana avançar com um plano de investimento que possa minimizar o impacto social e económico da redução do contingente militar norte-americano.
Lusa