PS/Açores tem “reservas” sobre centro hospitalar proposto pelo Governo Regional

O líder da bancada do PS no Parlamento dos Açores, Berto Messias, disse hoje ter “muitas reservas” sobre a proposta de criação de um centro hospitalar, para gerir os três hospitais do arquipélago, apresentada pelo Governo Regional.
“Encaramos essa proposta com muitas reservas”, salientou, em declarações aos jornalistas, referindo-se à criação do Centro Hospitalar dos Açores, sugerida na proposta de reestruturação do Serviço Regional de Saúde (SRS), apresentada pelo executivo socialista e cuja discussão pública terminou na terça-feira.
Berto Messias falava à margem de uma reunião com a direção da Câmara de Comércio de Angra do Heroísmo (CCAH), em que esta associação apresentou aos deputados os seus contributos para a reformulação da proposta para o SRS.
Para Berto Messias, o enquadramento do Centro Hospitalar dos Açores “deve estar muito claro”, porque pode provocar “uma duplicação de funções”.
“A própria Saudaçor, se existe, deve ser reorganizada e potenciada ao máximo”, frisou, referindo-se à empresa pública regional do setor.
O deputado disse concordar com algumas das reivindicações da CCAH, tendo o grupo parlamentar socialista apresentado também o seu contributo à tutela, no âmbito da discussão pública.
“Concordamos com muitas dessas reivindicações, algumas delas já conseguimos junto do senhor secretário [regional da Saúde] que sejam acauteladas. Refiro-me, por exemplo, ao facto de as especialidades no hospital de Angra do Heroísmo ficarem exatamente como estão”, salientou, considerando que o hospital da Terceira “deve ser potenciado ao máximo, tendo em conta que é também uma nova infraestrutura”.
Berto Messias admitiu também que o serviço de radioterapia possa ser instalado na ilha Terceira, que já tem instalações para esse efeito no hospital, se for “claro” que representa uma “melhor prestação de cuidados neste serviço aos açorianos” e uma poupança, como alega a CCAH num documento de apreciação da proposta de reestruturação do SRS, divulgado pelo jornal Diário Insular.
No entanto, o deputado salientou que “esta matéria carece de uma análise técnica e financeira fidedigna”, acrescentando que é preciso “ter em conta o que está acordado e contratualizado entre a região e a empresa privada que se propõe a explorar este serviço”.
Por sua vez, o presidente da CCAH, Sandro Paim, adiantou que a associação empresarial tem reuniões agendadas com todos os partidos com assento parlamentar na região, numa tentativa de os “sensibilizar” para aspetos que considera importantes na reformulação da proposta para o SRS.
“Há um conjunto de aspetos, desde logo a questão das especialidades em cada um dos hospitais, a referenciação de hospitais para o encaminhamento dos doentes, questões em concreto dos impactos na economia de cada ilha, questões em concreto no que diz respeito à qualidade da saúde de proximidade junto da população, que são levantados”, salientou, sem especificar o que é defendido pelos empresários das ilhas Terceira, São Jorge e Graciosa.
Segundo o jornal Diário Insular, o documento da CCAH critica a falta de “bases fundamentais” da proposta do executivo açoriano, defendendo que seja considerada como guia a Carta de Saúde dos Açores.
Os empresários alegam que existiram “decisões erradas de gestão” e “gastos exagerados” no setor, consideram que faltou uma estratégia “eficiente” do SRS e pedem a eliminação da Saudaçor.
A CCAH defende ainda que a criação de um centro hospitalar seria um “erro de gestão”.
Os empresários defendem no documento a abertura de imediato de um centro de radioterapia na Terceira e a criação de um serviço de Consulta de Dia, que funcionasse 24 horas, em substituição do atendimento urgente nos centros de saúde, propondo igualmente uma maior complementaridade entre o setor público e o privado.

 

 

Lusa

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