Militar agredido no quartel dos Arrifes

foto3Traumatismos na face e uma fractura no nariz são algumas das sequelas que o “praça” Nelson apresenta na sequência do episódio mais impressionante da sua vida enquanto militar.
Foi o resultado de uma agressão ocorrida na noite do passado dia 26 de Março, no quartel dos Arrifes, designado por RG2, ao que tudo indica por cinco colegas do regimento, dois dos quais oficiais.

Nelson estava a repousar no seu quarto quando, por volta das 22h30, terá sido abordado por camaradas que o inquiriram sobre um possível furto.

O militar, por sua vez, refutou as acusações questionando os colegas se tinham como provar que teria participado ou teria sido o autor de tal roubo.

Terá então sido nessa altura que foi agredido. Nelson teria ainda tentado sair do quatro mas terá sido impedido por três dos seus colegas.

Os golpes dos agressores terão tido continuidade a ponto de deixar o jovem bastante fragilizado como atestam as fotografias e o vídeo a que a nossa reportagem teve acesso.

Nas imagens, para além dos ferimentos e do inchaço do rosto do militar, são observáveis poças de sangue no chão e as paredes do quarto salpicadas.

Após o sucedido e na impossibilidade de se fazer deslocar do quarto, o militar agredido terá pedido auxílio através do telemóvel a um camarada que se encontrava a participar num exercício designado por “Fénix”.

Quando chegou em socorro de Nelson, o militar constatou que o colega “estava praticamente desfigurado e a queixar-se com dores”.

Foram então chamados os enfermeiros daquela unidade militar que prestaram assistência ao jovem.

Não obstante os cuidados avançados no Quartel, Nelson acabou por ser levado para o Hospital do Divino Espírito Santo de Ponta Delgada para receber tratamento.

Fonte ligada ao Exército revelou à nossa reportagem que após o incidente, dois dos alegados agressores terão sido “afastados da unidade”, enquanto que os restantes envolvidos no caso permanecem ao serviço.

A mesma fonte revela ainda que houve “intenção de abafar o caso”, alegando, sobre essa matéria, que um oficial do regimento terá “fiscalizado telemóveis de militares, sendo alguns obrigados a apagar fotos e filmagens para que nada houvesse para passar para fora do quartel”.

Segundo apurou a nossa reportagem, o militar agredido terá ainda sido aliciado a não apresentar queixa junto da Polícia de Segurança Pública, facto que acabou por se verificar, estando o processo a decorrer.

Instado a comentar o referido episódio, o responsável pelo RG2, o coronel José António Guerreiro Martins, não se mostrou disponível para prestar esclarecimentos, remetendo uma eventual tomada de posição para o Comando da Zona Militar dos Açores (ZMA).

Contactado o Comando, e na ausência do major-general Cameira Martins, foi o segundo comandante da ZMA, o coronel Loureiro, que se disponibilizou a esclarecer alguns aspectos relativos ao episódio de 26 de Março passado, sem, contudo, aceder a gravar declarações. Ainda assim, em conversa com a nossa reportagem, o responsável confirma a ocorrência de um ” incidente”, assegurando que se encontra em curso “um processo disciplinar levantado com base na participação do oficial de dia”.

Quanto aos alegados agressores, o coronel Loureiro esclarece que “foram afastados do local de serviço por conveniência do processo e da própria unidade”. Adianta aquele responsável militar que o processo levantado poderá conhecer o seu desfecho dentro de um mês, garantindo que todos os esforços serão desenvolvidos para responsabilizar os agressores.

E apesar do contrato de Nelson cessar antes do final do corrente mês, o coronel Loureiro assegura que esse cenário não fará com que o caso fique, como refere a linguagem popular, “em águas de bacalhau”.

“É, de facto, um episódio lamentável. Em 30 anos de carreira militar é o primeiro episódio do género a que assisto”, sustenta o segundo comandante da ZMA, garantindo que nunca foi levada a efeito numa iniciativa com o intuito de encobrir o sucedido.

Quanto ao militar agredido, espera que seja feita justiça por forma a evitar que esse tipo de situação se repita.

Luisa Couto (in AOriental)

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